Três caturras coloridas e cheias de boa disposição são os animais de estimação que Palmira Fonseca escolheu para serem a companhia diária da família.
Foi quase sem querer que Palmira, natural do concelho de Baião, e com uma vida dedicada a cuidar de crianças, acolheu a primeira caturra, que pertence ao filho, mas que está em casa da mãe, porque o então Thomas, “não o deixava estudar”.
“Ele, que agora sabemos que é uma ela e passou a chamar-se Tominhas, só queria atenção e não deixava o João Pedro estudar. Nunca tinha tido pássaros e nem nunca pensei em ter na minha vida”, disse Palmira Fonseca ao nossoterritório.pt, revelando que a ideia de trazer a Tominhas para sua casa foi dela.
“Pensei sempre que não ia ficar com ela, porque nunca tinha tido nenhuma e ia ser complicado, mas fiquei encantada e ela nunca mais saiu daqui”, salientou.
O que pensaram ser um macho é, então uma fêmea, algo descoberto na Primavera, quando ela pôs ovos. Para não deixar a Tominhas sozinha, Palmira e a família decidiram adquirir um macho, também para fazer criação. Foi assim que chegou a casa o Thomas, um pássaro mais recatado de penugem branca e cabeça amarela, que gosta do seu canto, mas com olhar atento ao que o rodeia.
Não é difícil perceber o encanto de Palmira pelos animais. Tominhas, a mais atrevida, sai da gaiola muitas vezes para saltar de colo em colo e até o telefone da nossa reportagem serviu de baloiço para a sociável caturra.
Mas, como não há duas sem três, Palmira acolheu, no final de 2024, uma outra caturra, que chegou ferida nas patas e necessitou de cuidados veterinários. Durante várias semanas, o Luke foi alimentado por Palmira, até começar a fortalecer-se.
“Quando ele cá chegou fiquei logo triste. Vi que ele tinha um ferimento grave numa pata e só pensei que ele ficar sem ela. Falei com a minha sobrinha, que é médica veterinária, e conseguimos uma clínica em Baião que lhe retirou a anilha que lhe estava a provocar o ferimento”, contou Palmira Fonseca, acrescentando que “logo no primeiro dia que o viu disse logo que ele já era seu”.
Hoje em dia, salta de tronco em tronco na grande gaiola que serve de casa às caturras. Luke tem dotes de pássaro de circo, canta que encanta e desloca-se como se andasse numa passerelle.
Em casa da Palmira e da família há três divisões que pertencem às caturras e com as quais os pássaros já estão familiarizados e gostam de estar. Dormem numa divisão, devidamente cobertos, e chegam a descansar 12 horas por noite, “o essencial para acordarem bem-dispostos e animados”, explicou Palmira Fonseca.
Numa sala, junto a uma janela, passam a maior parte do dia, esperando sempre a visita da dona que, se demora, é chamada por eles.
“Já conheço bem o piar deles, quer para chamar, quer para comer como para quando alguém abre o portão da entrada ou toca à campainha. Dão conta de tudo”, frisou.
Na cozinha, as três caturras fazem as suas refeições e, só quando todos da casa estão sentados à mesa, é que os pássaros começam a comer. “Se alguém de nós não estiver sentado, eles não começam a comer”, contou Palmira.
Aos pedidos de beijinhos por parte da Palmira, Tominhas e Luke logo respondem, dando mimos à dona, que também não se cansa de lhes dar atenção, estando, muitas vezes, horas a falar com eles.
Na gaiola não falta o tomilho e o alecrim que as caturras gostam de picar. As sementes e as penas espalham-se pelas divisões da casa, mas Palmira limpa com gosto, “as vezes que forem necessárias”, assim como a gaiola, que chega a demorar uma hora para ficar limpa.
“Limpo a gaiolo de dois em dois dias, mudo a água e limpo as varas. São esses os cuidados a ter com eles, porque eles fazem a própria limpeza das penas”, explicou.
Palmira sabe que a Tominhas um dia voltará a casa do filho, mas a Luke e a Thomas podem juntar-se outros pássaros, pois o amor que tem pelas suas caturras faz com que Palmira nunca mais fique sem animais.
“Um dia vai-me custar quando a Tominhas tiver de ir, mas ou outros só saem quando morrerem. Gosto muito deles e eles conhecem-me de tal maneira que quando chego perto eles começam a andar de um lado para o outro, ficam todos contentes”, confessou Palmira Fonseca.



