Carolina e Isabel, mãe e filha, e Olívia da Silva são cuidadoras informais, naturais do concelho de Baião, que dedicam a vida a tratar dos seus ente-queridos, dando-lhes amor e cuidados para melhorar a sua qualidade de vida.
Dedicam-se aos familiares, para que o dia a dia seja o melhor possível, esquecendo, muitas vezes, as suas próprias necessidades e cuidados.
Carolina Pinto tem 64 anos e cuida do marido desde que este começou a ter os primeiros sintomas da atrofia muscular, ainda com vinte e poucos anos.
“Aos 30 anos o meu marido foi reformado devido à doença e eu tive de ir cuidando dele, da casa, criei gado, fiz terra e andei com os filhos arrasto comigo, porque o meu marido pouco me ajudou, não podia”, contou Carolina, natural de Campelo e Ovil e mãe de três filhos.
Os anos foram passando e a doença do marido foi piorando, obrigando-o a andar de cadeira de rodas e a ficar ainda mais dependente da esposa.
“Para o colocar na cadeira e tirar tenho de ser eu. Faço muita força e também sou eu que o viro durante a noite”, explicou, mostrando à reportagem do nossoterritório.pt como faz para conseguir lidar com o marido.
No percurso como cuidadora, Carolina lembra momentos menos bons, mas “o amor e o carinho supera tudo”.
“Quando é por gosto não cansa, damos sempre o nosso melhor. É sempre um desafio e um dia de cada vez”, referiu Carolina Pinto, cuja filha, Isabel Monteiro, também é cuidadora.
Com 46 anos, Isabel cuida da filha de 20 anos, que tem paralisia e atrofia muscular, mas conta também com a ajuda do marido e do filho mais velho.
“É complicado. Somos os três cuidadores e há dias difíceis, mas é tanto amor, tanto carinho, ela é a minha princesinha. Tenho três filhos, mas aquela menina está sempre em primeiro”, contou.
Num encontro hoje realizado na Biblioteca Municipal António Mota, pela Unidade de Cuidados na Comunidade de Baião, o nossoterritório.pt encontrou, também, Olívia da Silva, de 61 anos, que cuida do filho há 35 anos, desde que nasceu.
“Desde o dia em que ele nasceu, que nasceu com paralisia cerebral e tem epilepsia, que cuido dele. Tem 95% de incapacidade”, disse Olívia, que não conseguiria ver a sua vida de outra forma.
“Nós ganhámos amor, damos amor e recebemos muito amor da parte deles. Às vezes enervo-me, mas passa-me rápido”, confessou Olívia da Silva, que até aos 12 anos do Válter “foi muito difícil”.
“As pessoas mais antigas diziam que ele não passava dos 12 anos de vida, até mesmo a minha sogra o dizia e eu andava sempre com medo de o perder. Quando ele fez 13 anos foi um alívio, porque passou a idade que eles diziam e eu fiquei mais descansada”, confidenciou Olívia, revelando que “a partir daí começou a ver as coisas de outra forma. Era sozinha, o pai dele morreu quando ele tinha nove anos e era difícil”.
Olívia conta com o apoio do filho mais velho, que ajuda nos cuidados ao Válter e “é muito amigo do irmão”. “Todos os fins de semana vamos ao café e o Válter adora ir a festas e quando pudemos vamos todos, é uma felicidade”, contou.



