O socialista Armando Fonseca foi eleito presidente da Assembleia Municipal de Baião, no domingo, mas o público presente na tenda onde decorria a instalação dos órgãos autárquicos de Baião não conteve a crítica ao eleito durante o seu discurso.
A lista do Partido Socialista àquele órgão deliberativo reuniu o maior número de votos dos membros que elegem o presidente da assembleia. A eleição é feita com os votos dos 21 eleitos diretos e dos 14 presidentes de juntas de freguesia.
Apesar de não ter sido o candidato mais votado nas eleições autárquicas de 12 de outubro, Armando Fonseca (5.189 votos) conseguiu a vitória, reunindo 19 dos 34 votos possíveis, dado que um dos presidentes de junta não marcou presença na sessão.
Foi Miguel Dinis Correia, o candidato da coligação “Fazer Acontecer” PSD/CDS-PP, que assumiu a sessão, dado ter sido o candidato mais votado nas eleições autárquicas (5.459 votos), que anunciou o vencedor.
A Armando Fonseca, Miguel Dinis Correia desejou “as maiores felicidades”, convidando-o a presidir à mesa da assembleia. Juntamente com o presidente eleito, foram ocupar a mesa a primeira secretária, Anabela Cardoso, e a segunda secretária, Carminda Monteiro.
No púlpito, Armando Fonseca começou por dar uma palavra à presidente da Câmara Municipal de Baião, Ana Raquel Azevedo, “dando-lhe mais uma vez os parabéns pela vitória surpreendente, mas meritória, e desejando-lhe muitas felicidades no exercício de funções”.
O presidente da Assembleia Municipal de Baião prosseguiu com os agradecimentos, dizendo aos autarcas de freguesia “que terão sempre um parceiro a assembleia municipal”.
Depois de cumprimentar várias entidades, Armando Fonseca agradeceu aos eleitos da assembleia municipal e aos baionenses que confiram na sua lista, deixando um agradecimento público aos que cessam funções, “em particular ao dr. Paulo Pereira”.
“Muitos poderão gostar ou não da forma como ele é, mas o dr. Paulo Pereira é uma referência para todos, pela sua seriedade, pela forma transparente, pela sua dedicação à causa pública e pelo legado que deixa à senhora presidente da câmara”, disse.
Paulo Pereira, que governou o concelho durante 20 anos, não compareceu na sessão e renunciou ao mandato que lhe foi atribuído.
Miguel Dinis Correia acusa Armando Fonseca de dizer “inverdades”
Depois de enumerar os vários vereadores que estiveram no mandato que agora acaba, aos quais deixou um agradecimento, Armando Fonseca dirigiu-se a Miguel Dinis Correia, referindo que “o candidato teve para com ele uma atitude muito respeitosa, digna e honrosa”.
“Não esperava outra coisa, da minha parte fiz tudo igual a ele e por isso agradeço-lhe toda a cordialidade e simpatia que teve para comigo e eu estou muito grato”, vincou Armando Fonseca.
Dirigindo-se aos presentes, o presidente da Assembleia Municipal de Baião quis “referir um aspeto importante, que todos devem saber”.
“Ainda em relação aos resultados eleitorais, e no equilíbrio que houve para a assembleia municipal, falei com o partido que representava e disse-lhe que era importante dar um sinal de democracia e conseguirmos eleger uma mesa da assembleia municipal consensual, ou seja, eu falei com o meu partido e o meu partido fez uma proposta ao Partido Social Democrata para que pudesse integrar a mesa da assembleia municipal, dando-lhe conta de que podíamos integrar como primeiro secretário alguém da lista do PSD. O Partido Social Democrata não aceitou esta proposta, que era uma forma de dar um sinal de consenso na assembleia municipal. Mas que fique claro que tivemos a intenção de integrar na mesa da assembleia um membro eleito pelo Partido Social Democrata”, salientou Armando Fonseca.
Perante a explicação, Miguel Dinis Correia manifestou a sua indignação e algum público presente na sessão não conteve a voz, mostrando o descontentamento com a intervenção.
Miguel Dinis Correia pediu a defesa da honra, mas Armando Fonseca defendeu que “a sessão da assembleia tinha um único ponto, que foi a eleição do presidente, e que falaria na próxima sessão”.
Não satisfeito com a resposta, Miguel Dinis Correia continuou a pedir a palavra, perante as muitas críticas do público ao presidente da assembleia, tendo várias pessoas abandonado a sessão, sobretudo quando Armando Fonseca insistiu “que tiveram a cortesia de convidar o PSD a integrar a mesa”.
Miguel Dinis Correia tentou clarificar a questão da proposta para a mesa da assembleia, mas o presidente eleito reiterou que “não era o momento apropriado”.
Apesar a negação em dar a palavra ao candidato da coligação “Fazer Acontecer”, Miguel Dinis Correia levantou-se, no final do discurso de Armando Fonseca, e acusou o presidente eleito de dizer “inverdades”.
“Vou dizer-lhe com toda a convicção que aquilo que o senhor acabou de dizer quanto à proposta ao PSD é uma inverdade”.
Perante os pedidos de calma ao público da presidente da Câmara Municipal de Baião, Ana Raquel Azevedo, Miguel Dinis Correia clarificou que “convidou Armando Fonseca para tomar em chá em sua casa, há cerca de 15 dias, e a proposta que diz ter sido feita por ele, foi feita por Dinis Correia”.
“Por isso, o que o senhor aqui diz é uma inverdade”, acusou Miguel Dinis Correia, acrescentando que “ligou com Armando Fonseca para perceber se a proposta tinha sido aceite, mas foi informado pelo mesmo que o dr. Paulo Pereira não tinha aceite a proposta”.
Em resposta a Miguel Dinis Correia, Armando Fonseca acabou por confirmar que o candidato da coligação PSD/CDS-PP “fez realmente esta proposta”.
“A proposta foi presente ao presidente da comissão política do PS e foi feita pelo PSD, mas o PS enviou outra uma proposta de integrar um membro do PSD na mesa, que foi rejeitada, porque o PSD achava que tinha legitimidade para presidir à assembleia”, defendeu o presidente da assembleia municipal.
“Não fui que conduziu os trabalhos para a eleição da mesa, foi feita pelo dr. Miguel Dinis Correia, foi feita a votação e foi ele que fez o anúncio dos resultados, que foram 19 votos no PS, 14 na coligação e um voto em branco, por isso estão cumpridas aas regras democráticas”, concluiu, perante as críticas do público, que defendia que “a vontade do povo devia ter sido cumprida e ter sido eleito Miguel Dinis Correia para a assembleia municipal”.



