O nosso concelho, com a sua paisagem lindíssima e uma rica herança cultural, é, sem sombra de dúvidas privilegiado, e estratégias baseadas na valorização dos seus recursos endógenos são essenciais e cruciais. No entanto, este trabalho será sempre inacabado e mesmo com os esforços das últimas duas décadas na promoção da atividade turística e cultural, existe ainda uma profunda lacuna no reconhecimento, na valorização e na preservação de um dos nossos maiores patrimónios imateriais: a música!
Foi com este espírito que apresentei, em conjunto com mais três jovens ligados ao associativismo cultural, a proposta do Museu da Música de Baião ao Orçamento Participativo Jovem de 2023. Apesar da candidatura não ter sido elegível, acreditamos firmemente na importância e no potencial transformador deste projeto para o nosso município. Por isso, é fundamental que seja conhecido e discutido por todos os baionenses.
Uma das perguntas que podem fazer, à partida, é: mas afinal, para que queremos um Museu da Música em Baião? Na realidade, o projeto surge da vontade e urgência de preservar e potenciar o património musical do nosso território. Baião sempre teve uma relação ancestral com a música, é uma terra de bandas filarmónicas seculares, de grupos de bombos, de ranchos folclóricos e de tantas outras coletividades musicais que enriqueceram a nossa identidade ao longo dos anos. No entanto, falta um espaço que agregue e conte essa história, que dê voz às memórias e que inspire as gerações futuras a continuar este importante legado. A proposta visava a criação do Museu da Música de Baião no recém intervencionado Mosteiro de Santo André de Ancede, um local com inegável valor histórico e cultural, integrado na Rota do Românico. O museu seria um espaço vivo, com exposições permanentes e temporárias, workshops, concertos e atividades educativas voltadas especialmente para as escolas e jardins de infância, por exemplo. Seria uma verdadeira homenagem à música enquanto património imaterial e motor de desenvolvimento cultural no nosso território.
De facto, o município de Baião carece de iniciativas que reforcem a sua identidade cultural e que possam permitir a atração de um nicho específico de visitantes que procuram experiências distintas, culturais e autênticas. O Museu da Música de Baião não foi concebido para ser só uma estrutura física, mas sim uma plataforma para promover a educação musical, estimulando o gosto das crianças e dos jovens pela música. Este projeto pretende promover também a inclusão e a democratização cultural, preservando a nossa memória musical com base na documentação existente, mas também com a valorização da história das coletividades e associações existentes no município. Soma-se ainda o património contruído como são um bom exemplo os órgãos de tubos, os coretos, etc. Este projeto conta também com um forte compromisso com a descentralização cultural, levando, por exemplo, exposições e eventos a todas as freguesias do concelho, ampliando o acesso à cultura a diversos concidadãos.
O Museu da Música poderia ser um marco para a nossa terra, capaz de gerar impactos positivos na economia local, através do turismo, e na vida dos nossos cidadãos, pela valorização cultural. Baião tem na música um dos seus maiores tesouros. Não podemos deixar que essa riqueza se perca no tempo. De facto, o Museu da Música de Baião é mais do que um projeto; é uma causa, uma oportunidade de elevar a nossa cultura a novos patamares.
Sabia que, em Campelo, já existiu uma Banda Filarmónica? Ou que há sensivelmente um século foi fundada uma Tuna Musical na freguesia de Tresouras? Em Baião há muito por descobrir!
Diogo Miguel Pinto, geógrafo e investigador