Maria Adelaide Sousa perdeu a sua casa, no lugar de Casa Nova, na freguesia do Gove, a 16 de setembro de 2024, quando os devastadores incêndios em Baião deixaram um rasto de destruição incalculável.
Um ano depois da tragédia, a septuagenária tem no rosto a angústia e a tristeza de não ver erguida aquela que a acolheu nos bons e nos maus momentos.
O processo para a reconstrução da habitação decorreu dentro dos trâmites legais, mas Maria Adelaide continua a viver em casa da irmã Helena, “porque há muitos atrasos com licenças e papéis”, contaram as irmãs ao nossoterritório.pt.
Coube a Maria Adelaide, com 73 anos, tratar de toda a documentação para pedir o apoio à reconstrução da habitação. Foi na família que encontrou ajuda, “porque o processo é complexo” e Adelaide “não sabia onde recorrer”.
Na Câmara Municipal de Baião “foi-lhe dado apoio para ajudar no processo, mas é entre a câmara e a conservatória que agora andam os papéis para avançar com a obra”, contam.

Em março de 2025, Maria Adelaide assinou o contrato para receber as verbas e, em abril, recebeu metade do valor para a reconstrução da habitação.
“Fizemos tudo como nos pediram. Metemos três orçamentos de empreiteiros, foi entregue a um e tanto ele como eu estamos ansiosos por começar a fazer a minha casinha. Não estou mal na minha irmã, mas quero muito voltar para o que é meu”, disse, não escondendo a tristeza dos atrasos.
“Perdi tudo naquele dia. Fiquei com a roupa do corpo e foi muito difícil”, desabafou. A irmã Helena conta que Maria Adelaide “não queria a roupa que lhe davam, não queria comer em pratos que não eram os seus, apenas queria as coisinhas dela”.
“Foram tempos difíceis, complicados de ultrapassar. Ainda hoje em dia, a Adelaide sai todos os dias para vai visitar a casa”, contou Helena.
Maria Adelaide diz que “a visita para esticar as pernas e não estar sempre parada”, mas a verdade, é que anseia pelo arranque da obra que lhe dará uma nova casa
“Estou há um ano à espera da nova casa, tenho 73 anos, pouco me vou gozar da minha casa”, lamentou.
Um ano a aguardar e só mais um ano para ter a obra concluída, de acordo com os prazos dados pelo Estado para quem perdeu tudo nos incêndios.
Maria Adelaide Sousa não pede muito, “pede celeridade no processo” para voltar a viver na sua casa, com os seus pertences e a sua privacidade”.