Baionense cria associação para ajudar a alimentar e formar crianças em África

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A baionense Liliana Geada é a mentora de uma associação, que tem como objetivo ajudar na alimentação e na formação de crianças e jovens de Mueria, uma vila Moçambicana.

De Baião para África, Liliana esteve em missão em Mueria em 2024, pela primeira vez, integrando o projeto do padre Mário João, Por Ti Mueria. Voltou ao território em 2025, mas desta vez para ficar três meses a dar apoio na alimentação, dado que é nutricionista de formação.

Em Mueria foi crismada e tem uma afilhada, a primeira africana, e é Mueria que tem no coração para concretizar o objetivo de ajudar aquele povo, agora, e mais tarde chegar a toda a África.

Em entrevista ao nossoterritório.pt, Liliana explicou que “a associação surge da necessidade que encontrou naquelas crianças e naquela missão e de falta de recursos e de apoio que existe na missão”.

“O trabalho que as irmãs na missão de Mueria desempenham e a quantidade de pessoas que elas ajudam, com tão poucos recursos, fez-me avançar, porque estive três meses com elas. Foram três meses de muita aprendizagem, de muito seguir as nossas origens, de descermos às nossas origens e de perceber o que é realmente o amor e de que forma podemos ajudar tudo e todos. Realmente, às vezes sentíamos na pele a necessidade e a falta de recursos. Queríamos ajudar mais e melhor e não tínhamos recursos e não tínhamos meios para abranger todos”, salientou.

Durante os três meses em Mueria, a baionense esteve mais ligada ao centro de amamentação, onde as mães recorrem quando não têm leite materno para dar às crianças, ou porque o leite seca ou porque não têm alimento para elas próprias comerem.

“São muitas as mães auxiliadas pelas irmãs da missão, que tratam da alimentação dos bebés e das próprias mamãs, que facilmente ganham mastites, que impedem a amamentação. As irmãs ajudam a cuidar das mastites e ajudam a dar suplemento e fórmulas a essas crianças. E são centenas de crianças todas as semanas que recorrem às irmãs”, lembra Liliana.

A Associação Criança de África tem como missão ajudar aquelas crianças, quer na alimentação, quer na formação, para que possam seguir os seus sonhos e estudar.

Cem por cento das verbas angariadas são destinadas à missão em Mueria, mas Liliana Geada quer ir mais longe e, através da associação que criou, conquistar benfeitores que apadrinhem crianças naquela vila de Molambique.

“O sonho e o ideal seria conseguirmos criar um projeto de apadrinhamento, ou seja, madrinhas de amamentação, madrinhas de leite e madrinhas escolares de crianças que não têm possibilidade para prosseguir os estudos”, avançou.

Em Mueria, como um pouco por toda a África, o prosseguir dos estudos é difícil, por vários motivos, ponta Liliana. “Ou porque a família tem vários filhos ou porque as culturas não produziram o suficiente, ou porque, neste caso específico, este ano, que tivemos o ciclone Jude, em Moçambique, e eu estava lá nesse momento, vi as famílias a ficarem sem os lares, a ficarem sem os campos, as machambas, que é como os locais chamam, portanto, é um ano que vai haver muita fome em Moçambique, muitas crianças vão deixar de estudar, porque os pais não têm meios de subsistência e não conseguem vender o que produzem. Tudo isto leva ao abandono escolar e, claro, as mulheres e as meninas abandonando a escola vão ser máquinas de fazer filhos”, relatou.

Crianças que se tornas adultas de um dia para o outro e são obrigadas a abandonar os sonhos para ter filhos e constituir famílias, uma realidade que Liliana constatou e que gostava de ajudar a mudar.

“O nosso objetivo é conseguir meios financeiros. Ajudar estas crianças localmente e não as trazer para Portugal. É dar-lhes a possibilidade de estudar em Moçambique, para depois exercerem as suas profissões em Moçambique e, assim, ajudar o país a melhorar um pouco, portanto, aqui no projeto de apadrinhamento, das madrinhas de leite ou das madrinhas de estudo, secundário, ou universitário, é ajudar a realizar os sonhos de muitas mães e de muitas crianças”, disse Liliana.

Na Feira de Artesanato de Baião, a associação divulgou e angariou verbas para Mueria, mas quem quiser ajudar pode fazer doações através da página do Facebook (https://www.facebook.com/crianca.d.africa), diretamente para uma conta, à qual as irmãs em Mueria têm acesso ou entrando em contacto com Liliana Geada.

Para além das ajudas monetárias, Liliana diz que “cada pessoa pode dispensar um pouco do seu tempo e fazer ensino à distância, doando um pouco da sua sabedoria”.

“Muitas pessoas manifestam a sua vontade de integrar um projeto de voluntariado missionário num país em África, mas dizem-me que neste momento não têm condições, ou profissionais ou pessoais, para o fazer. E eu gostava mesmo de lançar aqui o desafio, quem tem o chamamento e quem sente que poderia ser útil, pode doar, então, o seu tempo e ajudar-nos à distância. Isso iria fazer estas crianças ainda mais felizes do que elas são”, sublinhou.

Sobre regressar a Mueria, Liliana Geada é perentória quando diz “com certeza que sim”.

“O meu desejo é voltar sempre que possível, porque não há explicação para o que se sente. Eu sinto que também sou um bocadinho de Mueria, que também lá é a minha paróquia. O objetivo é voltar, agora no imediato apenas para Moçambique, e para Mueria, mas no futuro alargar este apoio a toda a África e ter várias pessoas a poderem fazer este mesmo trabalho que eu faço e a poderem também viver esta gratificação, que é o voluntariado e o ser leigo”, partilhou.

Liliana avançou, ainda, os valores que podem ajudar os bebés, as crianças e jovens de Mueria, indicando que 10 euros dão para um mês de leite e cinco euros para uma lata de leite.

Sobre o apadrinhamento de crianças em idade escolar, a matrícula mais alimentação fica por 75 euros anuais, no caso do ensino secundário (sem alimentação) a matrícula tem o custo de 42 euros anuais. Para o ensino superior, a matrícula e alimentação fica por 360 euros anuais, mais 30 euros mensais, a matrícula (sem alimentação) fica por 120 euros anuais ou 10 euros por mês. Em caso de apoio total ao aluno, são 840 euros anuais, ou seja, 70 euros mensais, que incluem matrícula, alimentação e estadia.

A baionense explicou que os valores podem ser partilhados por vários pardinhos ou madrinhas, que queiram ajudar as crianças e jovens de Mueria a realizar sonhos.

A Associação Crianças de África vai estar na 8.ª Feira do Vinho Verde e das Tasquinhas, que vai decorrer entre 05 e 07 de setembro, em Santa Marinha do Zêzere.

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