Aprendeu a tocar com quem o fazia há muitos anos e hoje em dia José Pinto Ramos toca os sinos da Igreja de S. João de Ovil à moda antiga, usando as mãos, a sabedoria e o gosto pela atividade.
Foi em 2003 que José aprendeu a tocar. Coube-lhe a organização das festas e, “como estava de férias, aprendeu a arte com o senhor Teixeira, que já faleceu”.
“Não tem nada a ver com o que vemos agora, que basta carregar no botão e os sinos tocam”, contou José Pinto Ramos.
Durante uma semana andou a aprender a tocar. Ensaiava aquando o deitar dos morteiros da festa de S. João.
“Ia para junto dele e antes de começar a tocar, metia dois ou três pares de meias nos badalos dos sinos para eles baterem e não fazerem barulho. Só nós que estávamos na torre ouvíamos e foi assim que fui aprendendo e ensaiando”, disse ao nossoterritório.pt.
Ao terceiro dia, José Pinto Ramos já tocou sozinho e concretizou um anseio de há muito tempo, pois em casa já ensaiava com tachos a música que dá voz aos sinos.
“Quando fui tocar os sinos, já tinha noção do que tinha de fazer, já conhecia o toque”, acrescentou.
Quando faleceu o senhor que tocava o sino, José ficou responsável de o fazer e conta, com graça que, uma vez teve de bailar para fazer tocar os sinos.
“A torre tem dois sinos e uma sineta e uma vez, sozinho, tive de ir tocar. Não conseguia tocar nos três então lembrei-me de colocar duas cordas maiores nos sinos e uma corda na sineta, que amarrei à cinta. Então, com as mãos tocava os sinos e movimentava a cinta para tocar a sineta”, explicou.
A arte e destreza de José não deixou ficar mal quem esperava o toque dos sinos da Igreja de S. João de Ovil. Com ou sem bailado, José consegue levar ao alto da torre uma sonoridade única e muito apreciada por todos.
Durante o ano, os sinos tocam através das novas tecnologias, mas nas festas e a pedido de alguns amigos, José sobe à torre e mostra a habilidade que aprendeu.
“As pessoas ficam no fim da missa para ouvirem tocar os sinos”, constatou.
Para José Pinto Ramos, os sinos fazem parte da sua vida desde pequenino, morava junto à igreja e ia tocar os sinos para os funerais, em troca de sumo.
“Os responsáveis pelo toque dos sinos davam-nos uma cerveja ou um sumo e nós tocávamos o sino. Eles estavam à nossa beira e seguraram, porque são muito pesados, mas nós é que puxávamos as cordas”, contou.
José lamenta que não apareça alguém para aprender a arte e deposita esperança num neto, “que gosta de tudo”, a continuidade do tocar os sinos de forma manual.
“Quando ele tiver idade para subir às cordas, vou ver se lhe passo o gosto”, completou José Pinto Ramos.



