Eram 11:30 de uma segunda-feira como outra qualquer quando faltou a eletricidade em milhares de casas portuguesas, espanholas e francesas. Um corte tido por muitos como habitual e de pouca duração, mas que se traduziu, afinal, em quase 10 horas sem luz, sem gás, sem água e sem Internet.
O pânico instalou-se e as pessoas começaram a comentar as supostas longas horas que o apagão iria durar, falando-se em 48 e 72 horas. Pelo meio, a dúvida sobre o que aconteceu e o atribuir à Rússia toda esta fragilidade que atingiu aqueles três países.
Longas filas nos postos de abastecimento que tinham geradores, corrida aos supermercados por água e fogões portáteis foram marcantes durante o dia.
A falta de comunicação entre familiares e amigos fez tremer os mais corajosos, vivendo-se o isolamento de outrora, onde as notícias chegavam pelos carteiros ou na sintonia da rádio.
Mas a falta de energia elétrica, a falta de Internet e os telemóveis sem comunicações conseguiu fazer algo há muito desaparecido: as pessoas de volta aos terreiros, a conversa longe dos telemóveis, as crianças e jovens a brincar como antigamente. Uma visão que nos dias que correm tende a desaparecer, mas que mexeu com as pessoas que, certamente, encheu de nostalgia muitas delas.
Podíamos fazer este exercício de vez em quando. Sem cortes forçados de energia, porque esses acarretam grandes despesas e prejuízos, mas ficar offline, ligar-se às pessoas fisicamente e trazer ao terreiro toda uma convivência feliz e despreocupada.
Sandra Teixeira
Diretora do nossoterritório.pt