A Fundação Eça de Queiroz (FEQ), em Tormes, no concelho de Baião, é detentora de um espólio único do escritor de “A Cidade e as Serras”, tendo registado, no mês de janeiro, um aumento de 46% de visitantes face a 2024.
A honras de Panteão Nacional dadas a Eça de Queiroz que, até ao dia 05 de janeiro, esteve sepultado no cemitério de Santa Cruz do Douro, despertaram o interesse das pessoas e projetaram a imagem da fundação e do escritor.
A fundação registou, em janeiro, um aumento de 134% nas vendas, tendo sido vendidos quase 70 livros de Eça de Queiroz, no espaço físico da FEQ e online, e a taxa de ocupação da casa de turismo passou de 12 para 33%.
“O mês de janeiro foi fantástico, nunca tínhamos tido um mês de janeiro tão bom, quer ao nível de visitantes, de vendas e da procura de alojamento. De certa forma esta questão do Panteão acabou por projetar a imagem do Eça e da fundação e despertou a atenção das pessoas”, disse Anabela Cardoso, diretora executiva da Fundação Eça de Queiroz.
O aumento da procura em janeiro reflete-se para o ano inteiro, com “marcações muito significativas”, avançou a diretora executiva, revelando que “a maior parte das pessoas que vinha visitar a fundação ficava muito surpreendida quando, durante a visita, lhes diziam que o Eça estava sepultada em Santa Cruz, porque as pessoas não faziam a menor ideia disso”.
“As pessoas vêm pela existência da fundação e não pelo Eça estar sepultado em Santa Cruz e, portanto, a verdadeira relação do Eça é “A Cidade e as Serras”, é a casa de Tormes”, vincou Anabela Cardoso, para a qual a questão do Panteão “ajudou a abrir várias portas, com diversas entidades a contactar a FEQ e a querer fazer parcerias.
Em relação às atividades da fundação, Anabela Cardoso avançou que vão ser retomadas algumas que deixaram de se fazer por falta de financiamento, como o Curso Internacional de Verão, que se realizava desde 1998, e vai voltar entre 21 e 25 de julho, com coordenação de Carlos Reis e a participação de professores das Universidades de Coimbra e de Évora.
O curso de verão atrai estudantes de todo o mundo, que estudam a obra de Eça de Queiroz e que, durante uma semana, se dedicam a estudar uma determinada temática.
Retomado vai ser, também, o Centro de Estudos e Tradução Literária de Tormes, durante o qual tradutores trabalham uma temática relacionada com a tradução literária e, no final da semana, junta-se a eles um escritor para debater as problemáticas da tradução.
Anabela Cardoso revelou, ainda, que a FEQ vai assinalar o aniversário da sua fundação, um programa que ainda não está fechado, “mas que deverá contar com um concerto e uma exposição”.
Levar Eça de Queiroz às escolas e a outros municípios é uma aposta da FEQ, que tem projetada uma exposição itinerante.
“Portanto, há uma série de propostas que estamos já a trabalhar para dinamizar na fundação e com os nossos parceiros fora da fundação. Existe em Itália um centro de estudos queirosianos, também queremos fazer atividades com eles, bem como parcerias com os municípios de Aveiro e de Resende, que têm ligações à obra de Eça”, disse a diretora executiva da FEQ.
Vão decorrer, também, a partir de março, as Residências Literárias Eça de Queiroz, que disponibilizam uma bolsa de 1.330 euros e todas as despesas pagas durante um mês para que escritores possam fazer a sua produção literária.
“Os escritores procuram muito a fundação para escrever, inclusive o escritor que venceu o Prémio Saramago em 2024 esteve na residência literária e parte do livro com que ele venceu o prémio, foi escrito aqui”, contou Anabela Cardoso, acrescentado “que têm tido feedbacks muito positivos”.
Sobre o restaurante de Tormes, Anabela Cardoso adiantou que “há três entidades interessadas na exploração daquele espaço, que irá dar destaque à gastronomia queirosiana”.
Quem quiser visitar a Fundação Eça de Queiroz, em Tormes, Santa Cruz do Douro, pode fazê-lo de terça-feira a domingo, com visitas guiadas de hora em hora. No primeiro fim de semana de cada mês há entradas gratuitas para os baionenses que apresentem o Cartão do Munícipe, bem como para as entidades do concelho.
“Queremos abrir a porta à comunidade local para que percebam que a fundação é um espaço de todos”, concluiu Anabela Cardoso.



