Uma comissão de utentes e amigos da Extensão de Saúde de Eiriz, no concelho de Baião, lançou uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Baião, questionando-o se “está em condições de garantir” um conjunto de reivindicações associadas ao funcionamento daquela unidade.
Em causa, indica a comissão, estão “os 1.300 utentes sem médico de família e a deslocação dos utentes de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas para a Unidade de Saúde Familiar (USF) de Santa Marinha do Zêzere”.
Na carta aberta, enviada ao nossoterritório.pt, a comissão de utentes “não está contra a criação da USF de Santa Marinha do Zêzere, mas não aceita que a sua viabilização seja feita com o prejuízo dos utentes da Extensão de Saúde de Eiriz”.
A comissão questiona, ainda, “o porquê de não ser criada uma USF em Eiriz ou integra-la, administrativamente, numa das USF já existentes, preferencialmente a de Baião, por razões de proximidade”.
Segundo os utentes, a confirmar-se a deslocação para a USF de Santa Marinha do Zêzere, obrigará, em alguns casos, as pessoas a percorrer entre 30 a 50 quilómetros, ida e volta.
Ao presidente da Câmara Municipal de Baião, a comissão de utentes pergunta se “estará em condições de exercer a sua influência e poder reivindicativo junto das entidades que tutelam o setor da saúde, para garantir a colocação de mais médicos naquela unidade e para que os utentes de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas continuem a ser assistidos em Eiriz”.
Na missiva, a comissão desafia, ainda, o presidente da autarquia e o executivo a associar-se ao abaixo assinado que está a decorrer e que conta com mais de 1.850 assinaturas.
Presidente da Câmara de Baião “está empenhado em que a população tenha as melhores condições de acesso à saúde”
Em declarações aos jornalistas, numa reação à carta aberta, o presidente da Câmara Municipal de Baião defendeu que “está empenhado em que a população tenha as melhores condições de acesso à saúde no concelho”.
“Estou muito empenhado que haja médicos de família que garantam a cobertura total, que fiquem permanentemente no território, e uma das formas será através das USF, e se faltar um médico de família, o utente possa ter outro médico que a atenda em caso de necessitar de uma consulta”, disse Paulo Pereira.
O autarca avançou que “tem ainda pedido à administração da ULS que, se possível, cada um dos utentes tenha essa resposta numa extensão de saúde mais próxima da sua localidade”.
“Enquanto presidente tenho legitimidade para o fazer estes pedidos, não tenho legitimidade, nem autoridade para intervir naquilo que é a decisão se o médico vai para ali ou para outro local. Tenho legitimidade em querer para os baionenses o mesmo tipo de resposta, uma resposta de qualidade, porque não faz sentido, no meu ponto de vista, que alguém que é da vila de Baião tenha uma resposta numa USF que lhe garante, a todo momento, se faltar o seu médico, ter outro, e haja um habitante da freguesia de Santa Leocádia ou de Ancede, que está na Extensão de Saúde de Eiriz e, de repente falta o médico, e fica sem resposta”.
Paulo Pereira tem vindo a realizar diligências, quer com a coordenação da USF de Baião, quer com entidades competentes para encontrar uma solução, sugerindo, inclusive, uma conferência de imprensa para esclarecer as dúvidas.
Sobre o abaixo assinado e a carta aberta que recebeu, o edil baionense pediu “serenidade”, frisando que “parece que está a haver muita confusão”.
“Deixo o alerta, porque as pessoas que, de boa fé e legitimamente, assinam os abaixo assinados querem o melhor para elas, mas não é melhor daquilo que eu quero para elas”, vincou.
Paulo Pereira lembrou que este ano é ano de eleições autárquicas e considerou que “a pior coisa é arrastar esta questão tão importante para aproveitamentos políticos partidários que não devia acontecer”.
“Estamos a fazer o nosso trabalho, estou muito atento e estranho, porque estamos aqui a falar de uma carta aberta ao presidente da câmara, e o presidente da câmara é uma pessoa acessível, não era preciso uma carta aberta, porque nós temos a câmara permanentemente aberta eu até ando agora numa iniciativa que da câmara à porta junto das pessoas”, salientou, concluindo:
“Ninguém deve dúvidas daquilo que é a nossa defesa dos baionense no setor da saúde. A câmara não tem responsabilidade nenhuma na colocação de médicos, embora as pessoas digam que a câmara agora teve a transferência de competências. Temos competências nos edifícios, nos funcionários operacionais e nas viaturas”.
Autarca elogia trabalho da ULS Tâmega e Sousa que tem permitido investimentos “importantes” no concelho
Numa abordagem às alterações que o Serviço Nacional de Saúde está a realizar e nas mudanças previstas pela Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa, Paulo Pereira elogiou o trabalho desenvolvido, ainda contratualizado pelo anterior Governo, mas que tem permitido investimentos “importantes” no concelho.
O autarca lembrou o investimento de cerca de 900 mil euros na qualificação das extensões de saúde do concelho, na implantação da saúde oral, bem como as consultas de urologia, em Santa Marinha do Zêzere, e outros serviços que irão acontecer, “que são respostas muito positivas, assim como espera que, em março, a unidade móvel de saúde possa voltar a percorrer o concelho de Baião”.
“No contexto das mudanças que o SNS está a fazer e esta Unidade Local de Saúde está a fazer, e bem, tem havido respostas muito positivas para o concelho de Baião”, sublinhou.
De acordo com o presidente da câmara municipal, a ULS quer implementar um novo modelo de assistência aos cidadãos em todo o concelho, que até agora só acontecia no Centro de Saúde Baião.
“Um modelo que é muito importante para todos os baionenses, que é o facto de todos os médicos trabalharem em equipa. Se, porventura, um médico de família faltar, há um outro médico de família que o substitui”, precisou.
Desde 2016 que o concelho de Baião tem uma cobertura total de médicos de família, mas não são raras as vezes que um utente queria uma consulta, mas o seu médico de família estava de baixa, e não conseguia a consulta.
Com a criação da Unidade de Saúde Familiar (USF) de Santa Marinha do Zêzere, os utentes das extensões de saúde de Gestaçô e de Teixeira passaram a integrar aquela unidade e, segundo informações fornecidas a Paulo Pereira, a ideia era juntar Eiriz ao Centro de Saúde de Baião.
“Até hoje isso não foi conseguido, não está em causa, pelo contrário do que se dizia, encerrar a Extensão de Saúde da Eiriz, isso está fora de questão”, sublinhou.



