Tocar bateria era o sonho de menino de Álvaro D’ Kastro, músico e compositor natural do concelho de Baião, mas foi o acordeão que o colocou nos palcos nacionais e internacionais, tocando com grandes nomes da música portuguesa como José Malhoa e Tony Carreira.
Nasceu em Ancede, mas considera-se de Santa Leocádia, duas localidades que traz no coração e onde tem a família e amigos.
“Para a escola, ia para Ancede, que a pé era mais perto. Já tenho 41 anos e naquela altura íamos todos a pé para escola, agora é diferente”, revelou ao nossoterritório.pt.
Ao fim de semana, o pai de Álvaro leva-o de carro para a catequese e “então era mais perto ir para Santa Leocádia”, contou, explicando a vida entre as duas freguesias.
“Considero-me um bocado de cada lado e isso é muito bom. Quanto mais pessoas nós conhecemos e convivemos, mais nos ajudam a crescer com uma abertura maior e, se calhar, com uma forma de estar na vida diferente e pelas várias pessoas diferentes com que contactamos”, disse.
A ligação às pessoas e, sobretudo, ao pai que tocava em bailes, levou Álvaro a começar, desde muito novo, a gostar de música.
Acompanhava o pai e era fascinado pela bateria, usando as panelas e tachos de casa para tocar. “A minha avó, que Deus a tenha, é que sofria com o barulho”, confessou entre sorrisos, revelando que “pediu uma bateria ao pai, que estava emigrado na Suíça, mas ele trouxe-lhe um teclado”.
Álvaro recorda bem os concertos que dava em casa, quando usava os candeeiros, os colocava numa extensão e pegava em separadores das capas coloridos para fazer efeitos de cor diferentes.
“Devia ter uns sete anos e aprendi sozinho a tocar no teclado, de ouvido”, adiantou.
O primeiro contacto com um acordeão surgiu num ensaio para a festa de S. Brás, no qual um tocador não conseguiu tirar a música. Álvaro foi para casa e pegou no teclado e tirou a música de ouvido. Como não podia levar o teclado para a festa, o pai sugeriu-lhe tocar acordeão.
“Lembro-me do meu pai entrar na loja, onde tínhamos o vinho e alguns arrumos da casa, com um acordeão vermelho, muito perro, muito pesado a abrir. Não sei porquê, mas apaixonei-me por aquele acordeão vermelho, eu fiquei doido e pensei que aquilo era mesmo para mim”, contou.
Os primeiros toques no acordeão vermelho foram só de um lado, dado que Álvaro não sabia tocar o instrumento, mas fez a festa de S. Brás.
O perro acordeão vermelho serviu para aquela festa, tendo o pai de Álvaro comprado um, que ainda hoje é o acordeão que usa.
“Devia ter no máximo 10 anos, portanto, eu tenho 41 vai há 30 anos que tenho o acordeão”, observou.
Álvaro ainda frequentou a escola de música, mas a vontade de aprender rápido fê-lo desmotivar-se e deixou de ir às aulas. Foi em casa que aprendeu a tocar, mas confessa que as aulas fizeram falta.
O percurso de vida até chegar a profissional levou Álvaro por diferentes caminhos e lugares. Tocava em festas, grupos de bombos e no grupo do pai, em bailes à moda antiga.
Participou em programa televisivos e esteve no passatempo o Rei ou Rainha do Acordeão da RTP, apresentado pela Tânia Ribas de Oliveira e o João Baião, que na altura ainda estava na RTP.
Tocou com o António, baionense que participou no programa Casa dos Segredos, e o seu talento foi reconhecido por Nel Monteiro, com quem trabalhou em estúdio, conheceu Alexandre Faria e, através da dupla Marcelo e Alex, grava uma música que foi número um em Portugal.
Os contactos e as presenças na televisão levaram Álvaro a conhecer mais pessoas do mundo da música.
“As idas à televisão fizeram com que eu conhecesse o DJ Hallux e o Marcus e gravei uma música para eles, uma letra fornecida por um brasileiro, que me fez questionar o que aquilo queria dizer. A música chama-se Bará Berê e foi sucesso. Esteve nos tops em Portugal e, inclusive, foi a música oficial do Carnaval do Brasil em 2012”, recorda.
Em 2012, Álvaro tem a oportunidade de ir tocar para o José Malhoa, com quem esteve 10 anos, tendo saído em 2022. Também em 2012 Álvaro D’ Kastro lançou a sua primeira música, “Ai que calor”, com letra da sua autoria.
Em casa, o músico tem mais de duas centenas de letras, lembrando bem a primeira letra que escreveu, quando começou a frequentar o quinto ano na escola de Baião, para uma miúda mais velha.
Ainda em 2012 grava uma segunda música, uma terceira em 2013 e passa um período de tempo sem gravar, mas a trabalhar para outros, entre a Alemanha e Portugal.
É em 2017 que Álvaro D’ Kastro começa a trabalhar num disco seu e esteve três anos em estúdio a gravar o seu primeiro trabalho a solo. Em 2020 é lançado o trabalho pela editora, no dia 14 de fevereiro, com 14 temas da sua autoria.
“No dia 15 fui apresentá-lo à televisão e foi na RTP no Aqui Portugal”, conta, lembrando que logo a seguir teve de adiar todas as apresentações devido à pandemia que fechou Portugal e a Europa.
Quatro anos depois, em 2024, Álvaro lança um novo EP, “Álvaro D’Kastro e os Pandemónio”.
“É uma linguagem diferente e uma abordagem diferente, com outra energia para comunicar com as pessoas”, referiu Álvaro que está, atualmente, a trabalhar com Tony carreira, uma referência em música portuguesa.
Para o próximo ano, o baionense tem já a agenda aberta e espera um ano de muito trabalho.



