Joaquim Ferreira Loureiro tinha apenas 17 anos quando começou a recolher lendas, tradições, benzeduras, rezas e talhas para tratar as maleitas das pessoas, compilando a história popular de Baião em sete capítulos e cerca de 204 páginas.
Foi professor de história durante 44 anos e foi um professor da universidade, com quem criou amizade, que desafiou Joaquim a fazer a recolha.
Joaquim percorria a pé os lugares de Pinheiro, Freixieiro, Almofrela, na então freguesia de Campelo e em São João de Ovil, indo ao encontro de quem sabia e podia contar para ser documentado.
As 204 páginas relatam, entre outras, as tradições da matança do porco em Baião, as festas anuais, o folclore infantil, os trajes populares e de trabalho e um capítulo dedicado à medicina popular.
Folheando o documento, Joaquim Loureiro vai falando ao nossoterritório.pt sobre algumas das talhas, que despertaram a curiosidade da nossa reportagem, sobretudo, a alforfa e a rana, que era para talhar a crosta branca da língua das crianças durante a aumentação, e a zeripela, para talhar a erisipela, uma inflação na pele.
Joaquim Ferreira Loureiro realizou uma recolha etnográfica e etnológica, com reflexão sobre a recolha, que gostaria de ver publicada.
A compilação integrou um dos momentos da curta-metragem “Cobras, Lobisomens e Dores de Costas”, um filme de Bruno Ferreira, feito para o JUVE: Encontros de Cinema e Literatura Infantojuvenis de Baião.
Joaquim contracenou com a atriz Anabela Moreira, que estava hospedada no seu alojamento turístico, o “Aconchego das Raízes”. Durante a cena, Anabela Moreira toma o pequeno almoço, “uma cena real, que se estava a passar mesmo” conta Joaquim Loureiro, recordando que também “Rui Tendinha e o realizador Bruno Ferreira fizeram questão que estivesse no filme”.
“O realizar viu a nossa sala e gostou muito e começou a idealizar o filme. Foi uma ideia brilhante, só não achei uma ideia brilhante eu ter de participar”, disse entre risos, confessando: “mas o Rui não me deixou sair”.
Também protagonista foi o pássaro de Joaquim e da esposa, com o qual Anabela Moreira tem diálogo muito interessante durante a trama.
Filho de mãe baionense, Joaquim Ferreira Loureiro diz-se quase natural do concelho. “Nasci no Porto, porque a minha mãe foi muito cedo para lá, casou lá, mas sempre mantivemos as ligações a Baião. Ainda conservo a casa do meu avô materno, que já era dos meus bisavós”, revelou, acrescentando: “Costumo dizer que não sendo baionense sou mais baionense que muitos baionenses”.
Joaquim Ferreira Loureiro reforçou ainda mais a sua ligação a Baião, tendo casado com uma baionense e é na casa dos pais da esposa que o casal tem o alojamento turístico “Aconchego das Raízes”.



